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quarta-feira, 1 de junho de 2022

A Estátua do Corneteiro

      A estátua do ‘Corneteiro Luis Lopes’ simboliza a Batalha de Pirajá, em 1822, na Bahia. Após a declaração formal da Independência do Brasil por D. Pedro I, em 7 de setembro, as tropas portuguesas em várias províncias não aceitaram a emancipação brasileira e decidiram resistir. Ao contrário do que muita gente acredita, a independência brasileira não foi feita sem luta, sem guerras, que ocorreram nos anos seguintes ao ‘grito do Ipiranga’. Salvador foi uma dessas províncias.
     As tropas brasileiras cercaram a cidade, impedindo a chegada de alimentos e qualquer comunicação de fora, fosse por terra ou mar, para sufocar a reação portuguesa. A única alternativa para os portugueses era romper o bloqueio à força e várias batalhas foram travadas na região. Com maior número de homens, mais bem treinados e melhor equipados, os militares europeus estavam levando vantagem.
     A resistência brasileira era composta em grande parte de pessoas sem treinamento militar, como índios, pretos, brancos pobres e até mesmo alguns portugueses já adaptados no nosso país. Os filhos das pessoas mais influentes e ricas, claro, não se apresentaram para a guerra. No dia 8 de novembro, ocorreu aquela que ficou conhecida como a “Batalha de Pirajá”, na região dos bairros de Pirajá, Campinas do Pirajá e Alto do Cabrito, em que as tropas leais à Coroa estavam prestes a vencer o bloqueio baiano.
     Após horas de combate e diante da iminente derrota, o major pernambucano Barros Falcão ordenou que o corneteiro desse o comando de retirada, mas este, o português Luis Lopes, tocou o de “avançar cavalaria, a degolar”. As tropas europeias assustaram-se, acreditando que os brasileiros tinham recebido reforços, e retiraram-se, possibilitando a vitória brasileira. Esse episódio entrou para história como um ato de bravura, apesar de alguns historiadores afirmarem não haver comprovação.
     Outra batalha marcante na Bahia foi a de Itaparica, em janeiro de 1823, vencida pelos brasileiros. Derrotados, os portugueses foram expulsos da província em 2 de julho de 1823, e essa vitória na Bahia foi muito importante na consolidação da independência do Brasil. A data é comemorada pelo povo baiano como a independência do estado.
     O gesto do corneteiro Luis Lopes é contado em um curta-metragem de 20 minutos dirigido por Lázaro Faria, de 2003 (assista na íntegra, abaixo). E recebeu homenagem no Rio de Janeiro com uma estátua na Rua Visconde de Pirajá (homenagem ao soteropolitano Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, senhor de engenho que apoiou a independência brasileira), esquina com Rua Garcia D’Ávila, em Ipanema.
     A estátua é do artista Ique, escultor e cartunista, e foi inaugurada no dia 30 de abril de 2004, com a presença do artista e do então prefeito Cesar Maia. Durante alguns anos, Ique fez as charges políticas do Jornal do Brasil e eu o entrevistei em seu escritório para um texto que escrevi para a ‘Revista de Comunicação’, em 1998. Ele também fez as estátuas de Michael Jackson, no Morro Dona Marta, em Botafogo; do Chacrinha no Jardim Botânico; e de Martinho da Vila, na cidade de Duas Barras, entre outras.
     A placa colocada pela prefeitura junto à estátua destaca a importância do feito de Luis Lopes: “o toque corajoso da sua corneta garantiu a independência do Brasil na Bahia”. Este ano, a batalha de Pirajá completa 200 anos em novembro. Veja algumas das fotos que eu fiz. fr

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