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sexta-feira, 3 de junho de 2022

Medidas contra o tráfico internacional de antiguidades do Oriente Médio

     A imprensa internacional vem divulgando sucessivas matérias relacionadas ao tráfico internacional de antiguidades roubadas de países do Oriente Médio. O ex-presidente e ex-diretor do Museu do Louvre, em Paris, nos anos de 2013 a 2021, Jean-Luc Martinez, foi preso no dia 23 deste mês, junto com dois egiptólogos franceses. Martinez é investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro e cumplicidade em fraude de certificados de origem de objetos históricos comprados pelo Louvre por dezenas de milhões de euros [RFI – rádio francesa, 26/5/2022].
     O Ministério Público de Paris abriu investigação em julho de 2018. Os países considerados mais vulneráveis são Síria, Iraque, Líbia e Egito, principalmente a partir do final de 2010, quando houve um período de instabilidade política na região, que ficou conhecida como “primavera árabe”. Segundo Vincent Michel, professor de Arqueologia da Universidade de Poitiers, na França, os sítios arqueológicos desses países são “verdadeiros supermercados a céu aberto”, e o mesmo ocorre alguns países da América Latina e da África.
     O contrabando de antiguidades gera um lucro anual de cerca de 63 bilhões de dólares, sendo também utilizado para a lavagem de dinheiro do narcotráfico e do tráfico de armas, acrescenta Vincent [Diário de Pernambuco, 06/6/2022]. O combate ao tráfico internacional de antiguidades também tem ocorrido nos Estados Unidos. Recentemente, a Justiça de Nova Iorque apreendeu cinco artefatos egípcios do Museu Metropolitano de Arte (Met), entre eles um retrato fúnebre de um mulher dos anos 54 -68 a.C., avaliado em 1,2 milhão de dólares [G1, 03/6/2022].
    Em 2019, o Met foi obrigado a devolver ao Egito um sarcófago dourado, comprado dois anos antes, mas que, de acordo com investigações, foi roubado daquele país em 2011. Outra notícia: o geólogo britânico Jim Fitton, e o alemão Volker Waldmann podem ser condenados à morte pela Justiça do Iraque por tentarem sair do país com 12 pedras e cacos de cerâmica quebrada, retirados de um sítio arqueológico localizado na província de Dicar [Extra, 17/5/2022].
     Minha opinião: É curioso ver vários museus nos Estados Unidos e em países europeus com grandes acervos sobre a antiguidade do Oriente Médio. Museus como o Louvre e o British Museum possuem milhares de itens arqueológicos oriundos de países do Oriente Médio. Evidentemente, grande parte é resultado do contrabando. A visão geralmente aceita é que o roubo desses objetos históricos dos seus sítios arqueológicos é justificado porque eles irão para instituições onde poderão ser preservados e admirados. Mentalidade essa reforçada pelos filmes de Indiana Jones, personagem criado por George Lucas.
    Mas, a verdade é que acabam sendo retirados dos locais onde têm a correspondente significação histórica e também deixam de ser vistos pelos habitantes dos países com os quais estão mais ligados historicamente. E se esses museus realmente estão interessados na preservação desses objetos, poderiam estabelecer convênios com parceiros no Oriente Médio para auxiliá-los na sua manutenção e proteção. E tem outra coisa: mesmo nos Estados Unidos e em países europeus costumam acontecer roubos e ataques a obras artísticas de grande valor cultural e artístico, nenhuma instituição no mundo é totalmente invulnerável. fr

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