Portugal acordou, ontem, dia 25, com a notícia que se estava desenvolvendo uma operação “Safra Justa”, com o objetivo de cumprir 50 mandados de busca e apreensão e 17 de prisão espalhados por Portugal, nas cidades de Beja, Portalegre, Figueira da Fox e Porto. Até o momento já foi divulgada a prisão de, pelo menos, dez militares da GNR (Guarda Nacional Republicana) e um da PSP (Polícia de Segurança Pública), entre eles um tenente e um sargento. Essa operação escancara a corrupção entre os militares em Portugal e o tráfico de pessoas. Esses militares são acusados de facilitar e colaborar com a atuação de uma organização criminosa que explora trabalhadores imigrantes em Portugal, a maioria ilegais, em propriedades agrícolas. Esses imigrantes são explorados e mantidos em situação análoga à escravidão, obrigados a pagar por alojamentos sem condições de higiene e recebendo salários muito inferiores aos praticados em Portugal. De acordo com as apurações, os militares portugueses atuavam como capatazes e recebiam 200 euros (o equivalente a 1.244,88 reais) por semana e mais 400 aos fins de semana para manter os imigrantes trabalhando à força. A corrupção já é por si só desonroso, mas esses militares venderem-se por tão pouco fica ainda mais vergonhoso Entre os crimes praticados pela organização criminosa estão o tráfico de pessoas (um dos que movimentam maiores valores no mundo), auxílio à imigração ilegal, falsificação, fraude fiscal, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e abuso de poder. Segundo a imprensa portuguesa, a exploração de imigrantes é uma prática que atinge todo o país e não se restringe a esse caso. Como eu já comentei várias vezes, há muita xenofobia e hipocrisia em Portugal. Muitos falam mal dos imigrantes estrangeiros que procuram Portugal em busca de melhores condições de vida, o que é legítimo e os próprios portugueses também o fazem, imigrando para diversos países do mundo. Mas a verdade é que Portugal depende da mão de obra imigrante, e muitos estrangeiros e portugueses acabam por explorá-los, inclusive com a conivência de autoridades. Eu me lembrei do que um brasileiro disse-me quando eu estive em Portugal ano passado por conta dos portugueses criticarem o Brasil por ter tanta corrupção. Ele trabalha há anos por lá e está legalizado. Ele me disse que não foram os indígenas que trouxeram a corrupção para o Brasil. É para refletir. Na realidade, Brasil e Portugal possuem muita corrupção, com diferenças proporcionais ao tamanho populacional de cada um. Ninguém pode apontar o dedo para ninguém. fr
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