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quarta-feira, 5 de março de 2025
Dica de filme: "Ainda estou aqui"
AINDA ESTOU AQUI
Brasil, Drama, 2024, Globoplay
Direção: Walter Salles
Com: Fernanda Torres, Selton Mello, Fernanda Montenegro
Filme maravilhoso, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, sobre sua família. Em 1970, durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, período de maior repressão do regime da ditadura militar, seu pai, o engenheiro Rubens Paiva, foi retirado de casa, sem mandado judicial, por militares, e foi torturado até a morte. Até hoje, não se conseguiu descobrir onde o regime militar escondeu os restos mortais do engenheiro. O regime procurou eximir-se de responsabilidade no seu desaparecimento. À época, Marcelo era uma criança. Sua irmã, menor de idade, e sua mãe, Eunice Paiva, também foram levadas para depor em um batalhão militar. Eunice ficou vários dias com a mesma roupa, sendo interrogada e ouvindo gritos de pessoas sendo torturadas. Após ser libertada, ela passou a lutar para que o regime militar assumisse sua responsabilidade na tortura e morte do marido; formou-se em Direito e especializou-se na defesa dos direitos dos indígenas. Somente em 1996, Eunice conseguiu a emissão de certidão de óbito de Rubens Paiva, e este ano, a certidão foi corrigida para constar que a morte foi “não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”. Apesar de identificados, os militares responsáveis pelo sequestro de Rubens Paiva nunca foram levados a julgamento, e seguem impunes, assim como muitos outros torturadores. "Ainda estou aqui" é o primeiro filme de Língua Portuguesa a vencer um Oscar, e já venceu mais de 40 prêmios internacionais. É um dos filmes nacionais mais assistidos, com quase seis milhões de espectadores, e está lotando as salas de cinemas nos EUA, Europa e vários países do mundo. Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama. Sua mãe, Fernanda Montenegro, faz uma participação especial no final do filme, como Eunice Paiva já idosa e sofrendo do Mal de Alzheimer Assista! fr
terça-feira, 4 de março de 2025
Brasil, o país do cinema: "Ainda estou aqui" vence o Oscar de Melhor Filme Internacional
O filme brasileiro “Ainda estou aqui”, do diretor (botafoguense) Walter Salles (foto), venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional, neste domingo, dia 2 de março. É mais um prêmio internacional para esse filme, que vem emocionando o mundo por onde é exibido. É o primeiro filme brasileiro, e de Língua Portuguesa, que vence um Oscar, uma conquista histórica. “Ainda estou aqui” ainda foi indicado nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz, com Fernanda Torres, que já vencera o Globo de Ouro. Eu assisti ao filme, e posso dizer que o filme é maravilhoso, não precisa de nenhum Oscar, de nenhuma chancela, para confirmar sua qualidade. Mas, no Brasil, infelizmente a mídia e muitas pessoas acreditam que se os Estados Unidos não falarem de nós, se não nos elogiarem, nada feito no Brasil tem valor. É o conhecido complexo de vira-lata. Walter Salles é reconhecido como um dos melhores diretores do mundo, tendo em seu currículo outros filmes geniais, como “Central do Brasil”, e “Diários de Motocicleta”. Seja como for, é o reconhecimento ao talento do cinema brasileiro! fr

segunda-feira, 3 de março de 2025
A História da Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro

A histórica Praça Tiradentes fica localizada no supermovimentado Centro do Rio de Janeiro. A sua origem é no século 17, com o desmembramento do antigo Campo de São Domingos. A região é uma das mais tradicionais do Brasil e já teve vários nomes até chegar ao atual: Largo do Rossio Grande (em referência ao Largo do Rossio, em Lisboa); Campo dos Ciganos (pela presença de várias tendas de ciganos); Campo da Lampadosa (a partir de 1747, com a construção da Igreja de Nossa Senhora da Lampadosa, nas proximidades); Campo do Polé (a partir de 1808, devido à instalação de um pelourinho no local, onde eram realizadas as punições aos escravos e feita a divulgação de editais); Praça da Constituição (o príncipe-regente D. Pedro de Alcântara jurou fidelidade à Constituição de Portugal em 1821, na sacada do Real Teatro São João, onde atualmente existe o Teatro João Caetano). Até 1808, com a chegada ao Rio de Janeiro da família real, fugindo das tropas de Napoleão, o local possuía poucas e modestas casas, era descampado, com muitas poças e lama.
Em 30 de março de 1862, foi inaugurado no centro da praça o monumento em homenagem a D. Pedro I, a primeira escultura pública do Brasil. A proposta da homenagem partiu da Câmara Municipal, em 1825, mas demorou a sair do papel. A estátua foi projetada por João Maximiano Mafra, executada pelo escultor francês Louis Rochet, e mostra D. Pedro I em um cavalo, com a Constituição de 1824, outorgada por ele, em uma das mãos. A estátua equestre é de bronze e tem seis metros de altura; a base é feita de granito carioca e tem 3,30 metros; e o pedestal é de bronze e tem 6,40 metros. Em cada lado do monumento, estão esculturas em bronze de indígenas brasileiros com animais, representando os Rios São Francisco, Amazonas, Paraná e Madeira. O monumento foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em março de 1999.
A estátua de D. Pedro I é cercada por uma grade, que tem em seus postes as datas marcantes da vida do imperador: 12/10/1798 (nascimento); 6/11/1817 (casamento com dona Leopoldina); 9/01/1822 (“Dia do Fico”); 13/5/1822 (recebeu o título de “defensor perpétuo do Brasil”); 7/9/1822 (Independência do Brasil); 12/10/1822 (eleito imperador do Brasil); 1/12/1822 (coroação); 25/3/1824 (promulgada a primeira Constituição brasileira); 17/10/1829 (casamento com dona Amélia). Abaixo da estátua, no pedestal do monumento, estão colocadas 20 placas, lado a lado, representando as províncias brasileiras à época. O chão da praça é feito de pedras portuguesas, com o brasão imperial desenhado nas quatro faces diante do monumento.
Em 1865, foram colocadas na praça quatro estátuas em ferro fundido e em estilo clássico, em representação às virtudes das nações modernas: Liberdade, Justiça, Fidelidade e União. E em 1890, um ano após a proclamação da República, a praça foi rebatizada para o atual nome: Praça Tiradentes, em homenagem ao mártir da Conjuração Mineira, que foi executado justamente nas suas proximidades. Mesmo não havendo consenso a respeito da localização exata da forca onde Tiradentes foi executado, muitos historiadores acreditam que ficava entre as atuais Avenida Passos e Rua Senhor dos Passos. A intenção era distanciar-se do passado monárquico do país. Sim, é uma grande contradição! Na praça que leva o nome de um brasileiro que ficou imortalizado como o maior símbolo do movimento que desejava a independência em relação a Portugal, o fim da monarquia e sua substituição pela República, está a estátua do imperador português, filho da rainha que assinou a condenação à morte de Tiradentes.
Durante o século 19, a Praça Tiradentes foi a principal região de diversão da cidade devido aos seus teatros, que eram frequentados pelos membros da Corte. Já no século 20, o local foi perdendo público para a área da Cinelândia, também no Centro do Rio, e tornou-se uma região muito popular, com alguns prédios comerciais e frequência de moradores de rua. Na Praça Tiradentes, estão dois dos mais tradicionais teatros brasileiros: o Teatro João Caetano, inaugurado em 1813, e o Teatro Carlos Gomes, inaugurado em 1872. Em 2017, começou a funcionar na Praça Tiradentes a estação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Fontes de pesquisa: Wikipédia; “Praça Tiradentes: berço da vida noturna carioca”, Márcia Pimentel, 30/11/2017, multirio.rj.gov.br. fr